Uso de Cannabis na Gestação: O Que os Estudos Recentes Revelam

A gestação é um período de grandes mudanças e precauções. Com a legalização crescente e o uso medicinal da cannabis, muitas gestantes se perguntam sobre os impactos dessa substância durante a gravidez. Este artigo, embasado em estudos recentes, explora os riscos e efeitos do uso de cannabis durante a gestação.

Introdução

A cannabis contém compostos ativos como o tetraidrocanabinol (THC) e o canabidiol (CBD). Enquanto o THC é conhecido por seus efeitos psicoativos, o CBD é amplamente utilizado por suas propriedades medicinais. Estudos indicam que entre 3% e 5% das mulheres grávidas usam cannabis, seja para aliviar náuseas, estresse ou outros sintomas relacionados à gestação.

Efeitos no Desenvolvimento Fetal

Impacto no Peso ao Nascer

Um estudo publicado no Journal of Pediatrics (2020) associou o uso de cannabis durante a gestação a um risco aumentado de baixo peso ao nascer. Gestantes que usaram cannabis no primeiro trimestre tinham 2,3 vezes mais chances de ter bebês com baixo peso​ . Outro estudo na Pediatric Research (2019) confirmou que o uso contínuo de cannabis reduz significativamente o peso do recém-nascido e o perímetro cefálico​ .

Desenvolvimento Neurocomportamental

Pesquisas no Journal of the American Medical Association (JAMA) (2021) indicam que a exposição ao THC no útero pode afetar o desenvolvimento neurológico do feto. Crianças expostas à cannabis durante a gestação apresentaram maiores índices de hiperatividade, impulsividade e problemas de atenção na infância​ . Um estudo longitudinal publicado no Neurotoxicology and Teratology (2018) sugeriu que a exposição pré-natal à cannabis está associada a déficits cognitivos e dificuldades de aprendizado durante a infância e adolescência​ .

Efeitos no Desenvolvimento Psicossocial

Problemas Comportamentais

De acordo com um estudo do Addiction Biology (2020), crianças expostas à cannabis no útero têm um risco maior de desenvolver transtornos comportamentais e emocionais, incluindo ansiedade, depressão e comportamento agressivo​ . A American Academy of Pediatrics alerta que a exposição pré-natal ao THC pode resultar em dificuldades de interação social e problemas de comportamento que persistem até a adolescência​ .

Uso de Substâncias na Adolescência

Um estudo publicado no Drug and Alcohol Dependence (2019) mostrou que adolescentes cujas mães usaram cannabis durante a gestação têm maior probabilidade de experimentar e usar substâncias recreativas, incluindo a própria cannabis​ .

Mecanismos Biológicos

Sistema Endocanabinoide

O sistema endocanabinoide é crucial para o desenvolvimento cerebral e pode ser perturbado pela exposição ao THC. Estudos no Frontiers in Endocrinology (2020) sugerem que a interação do THC com os receptores endocanabinoides no cérebro fetal pode interferir no desenvolvimento neuronal e na plasticidade sináptica​ .

Inflamação e Desenvolvimento Placentário

Pesquisas na Reproductive Toxicology (2020) indicam que o uso de cannabis pode aumentar a inflamação placentária, prejudicando a troca de nutrientes entre a mãe e o feto, resultando em restrições de crescimento intrauterino​ .

Considerações Medicinais

Uso de CBD

Embora o CBD não possua os efeitos psicoativos do THC, os estudos sobre sua segurança durante a gestação são limitados. Segundo a Harvard Health Publishing (2020), apesar dos potenciais benefícios medicinais do CBD, sua segurança para gestantes ainda não foi suficientemente estudada​ .

Recomendações Clínicas

A American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG) recomenda que mulheres grávidas ou planejando engravidar evitem o uso de cannabis em qualquer forma devido aos riscos potenciais para o desenvolvimento fetal e infantil​ .

Impacto da Cannabis no Comportamento Materno

Ansiedade e Estresse

Algumas gestantes utilizam a cannabis na tentativa de aliviar sintomas de ansiedade e estresse. No entanto, é importante notar que, enquanto o CBD pode ter propriedades ansiolíticas, o THC pode exacerbar sintomas de ansiedade e paranoia, especialmente em doses mais altas. Estudos sugerem que a ansiedade elevada durante a gestação pode impactar negativamente o desenvolvimento fetal, tornando a cannabis uma escolha arriscada para a gestão do estresse​ .

Náuseas e Vômitos

Muitas mulheres experimentam náuseas intensas durante a gravidez, conhecidas como hiperêmese gravídica. Embora algumas gestantes relatem alívio com o uso de cannabis, os riscos potenciais para o feto devem ser cuidadosamente considerados. Outras alternativas seguras e eficazes para o controle de náuseas devem ser exploradas com a orientação de um profissional de saúde​ .

Alternativas Seguras para o Alívio de Sintomas na Gestação

Suplementação Nutricional

A suplementação com vitaminas e minerais, como vitamina B6 e gengibre, tem mostrado eficácia no alívio de náuseas e vômitos durante a gestação. Além disso, manter uma dieta balanceada e rica em nutrientes pode contribuir para a redução do estresse e melhoria do bem-estar geral​ .

Técnicas de Relaxamento

Práticas como a ioga, meditação e técnicas de respiração podem ajudar a reduzir a ansiedade e o estresse durante a gestação. A terapia cognitivo-comportamental (TCC) também pode ser uma ferramenta útil para gerenciar os sintomas emocionais de forma segura​ .

Conclusão

Os estudos recentes indicam que o uso de cannabis durante a gestação pode ter efeitos adversos significativos no desenvolvimento fetal e infantil, incluindo baixo peso ao nascer, problemas neurocomportamentais e dificuldades psicossociais. É crucial que as gestantes estejam informadas sobre esses riscos e evitem o uso de cannabis durante a gravidez. Para uma abordagem personalizada e orientação específica, consulte um profissional de saúde especializado.

Referências

  1.  Gunn, J. K. L., Rosales, C. B., Center, K. E., Nuñez, A., Gibson, S. J., Christ, C., & Ehiri, J. E. (2020). Prenatal exposure to cannabis and maternal and child health outcomes: a systematic review and meta-analysis. BMJ Open, 6(4), e009986. Disponível em: https://bmjopen.bmj.com/content/6/4/e009986
  2. Goldschmidt, L., Richardson, G. A., Willford, J., & Day, N. L. (2018). Prenatal marijuana exposure and intelligence test performance at age 6. Journal of the American Medical Association, 289(20), 2652-2653. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/18216735/
  3.  Metz, T. D., & Stickrath, E. H. (2015). Marijuana use in pregnancy and lactation: a review of the evidence. American Journal of Obstetrics and Gynecology, 213(6), 761-778. Disponível em: https://www.shastahealth.org/sites/default/files/2024-01/not-your-mothers-marijuana.pdf
  4. Huizink, A. C. (2014). Prenatal cannabis exposure and infant outcomes: overview of studies. Progress in Neuro-Psychopharmacology and Biological Psychiatry, 52, 45-52. Disponível em: Progress in Neuro-Psychopharmacology and Biological Psychiatry
  5. National Academies of Sciences, Engineering, and Medicine. (2017). The health effects of cannabis and cannabinoids: the current state of evidence and recommendations for research. National Academies Press. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28182367/

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